Até Que Ponto Vale a Busca por Audiência? Polêmica no Alô Juca Levanta Questões sobre Ética na Televisão
O programa Alô Juca, exibido pela TV Aratu (SBT), na última quinta-feira (19/06), protagonizou um momento controverso que gerou revolta entre jornalistas e espectadores. Durante uma cobertura ao vivo de uma tentativa de assalto em Salvador, o programa mostrou um cinegrafista armado em perseguição a um suspeito, levantando importantes questões sobre os limites da busca por audiência e a responsabilidade dos veículos de comunicação.
A situação teve início quando uma mulher relatou ter sido alvo de uma tentativa de assalto na BR-324. O repórter do programa já se encontrava no local quando, em um momento tenso, o suspeito foi flagrado correndo do outro lado da via. O apresentador Marcelo Castro acionou a equipe de motolink, onde estava o cinegrafista Gessé, para que iniciasse a perseguição ao fugitivo.
O que deveria ser uma cobertura informativa rapidamente se transformou em um espetáculo preocupante. Durante a transmissão, Marcelo perguntou ao cinegrafista se ele estava “maquinado”, uma gíria que indica que alguém está armado. Em tom irônico, Gessé respondeu que estava com “a Bíblia”, ao que o apresentador confirmou, sem hesitação, que o cinegrafista realmente portava uma arma. “Liberaram a arma pra Gessé”, disse Marcelo, enquanto o diretor insinuava que o cinegrafista estaria disposto a “trocar” tiros, caso necessário.
Esse episódio não passou despercebido nas redes sociais e gerou duras críticas de profissionais da imprensa. Muitos jornalistas exigem um posicionamento da TV Aratu e do SINJORBA (Sindicato dos Jornalistas da Bahia) sobre o ocorrido, considerando-o um grave desrespeito às normas da profissão e um risco à segurança tanto dos trabalhadores quanto do público.
A Disputa por Audiência
O Alô Juca é conhecido por seu apelo a casos policiais e pelo sensacionalismo exacerbado. O programa já liderou a audiência em Salvador, superando até mesmo a TV Bahia/Globo e a RECORD. No entanto, nas últimas semanas, os índices de audiência começaram a cair, levando a produção a apostar em conteúdos cada vez mais apelativos, como barracos ao vivo e denúncias de traição.
Eu Em março deste ano, Marcelo Castro foi condenado a pagar R$ 10 mil à RECORD por danos extrapatrimoniais após ser apontado como um dos 13 envolvidos em um esquema de desvio de mais de R$ 400 mil em doações feitas por telespectadores. As chaves Pix exibidas durante reportagens não pertenciam às vítimas do programa, mas sim a pessoas ligadas ao grupo investigado. De acordo com o processo judicial, Marcelo teria embolsado cerca de R$ 146 mil enquanto atuava como repórter do Balanço Geral BA, na RECORD Bahia. O esquema foi descoberto pela emissora em março de 2023 e resultou na demissão do apresentador por justa causa; a decisão judicial ainda cabe recurso.
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